Aspectos Gerais

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Doença inflamatória intestinal (DII) é um termo utilizado para descrever principalmente duas condições: Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCU). Existem muitas teorias sobre a possível etiologia das DII. Fatores genéticos, ambientais, microbiota intestinal geralmente são citados nas teorias.  A etiologia permanece desconhecida, não tem cura, mas tem tratamento. Nem sempre é possível diferenciar uma da outra.

Ambas as doenças são crônicas, atingem jovens e evoluem com episódios de remissão e exacerbação. Causam impacto na qualidade de vida e seu tratamento é dispendioso levando a problemas socioeconômicos importantes.

A DC pode acometer todo o tubo digestivo, sendo mais prevalente no ileo terminal, atinge todas as camadas do intestino (transmural) sendo o acometimento salteado. Devido ao aspecto transmural da lesão, o paciente pode evoluir com fistulas e estenoses.

A RCU caracteriza-se por acometer apenas o intestino grosso, de forma continua, com gradiente ascendente a partir do reto, limitando-se a mucosa e submucosa.

Histórico

Alfredo O Grande (849 – 899 dc), o primeiro Rei da Inglaterra, poderia ter tido DC. Ao longo dos anos, foram feitas várias descrições compatíveis com a doença, Moynihan (1907), Mayo-Robson (1908) e Dalziel (1913). A doença só ficou caracterizada a partir da descrição por  Burrill Crohn, Leon Ginzburg, e Gordon Oppenheimer em 1932. Na época, foi denominada ileíte terminal por se acreditar que seria restrita a esta área do intestino. A partir do momento em que se verificou que a doença poderia se manifestar em outras áreas do corpo, optou-se por mudar seu nome para doença de Crohn.

Hipócrates descreveu um quadro clinico que cursava com diarreia crônica e fezes com sangue. Supõe-se que essa condição estivesse relacionada com ulcerações e inflamação do colon. Várias descrições sugestivas de RCU foram feitas ao longo do tempo. Mas foi a partir de 1875 que a descrição da doença por Wilks e Moxon, caracterizou a doença.

Epidemiologia

As DII são mais comuns nos países industrializados, particularmente na América do Norte e Europa Ocidental, embora sua incidência venha aumentando na Ásia e América do Sul. Atinge ambos os sexos, com discreto predomínio do sexo feminino. É mais frequente em jovens, entre a segunda e terceira década de vida. mas já se verifica um segundo pico de incidência na sexta década.

Nossa capacidade de diagnóstico tem aumentado nos últimos anos. Não chega, no entanto, a justificar o expressivo aumento verificado na incidência da doença na maioria dos países.

Etiologia

Considera-se que a DII é resultado de um conjunto de fatores: genéticos, ambientais, imunológicos. Tem se dado ênfase ao estudo da microbiota intestinal. Apesar de todos os avanços nestas diversas áreas do conhecimento, ainda não se conseguiu explicar como a doença se instala e perpetua.

Sugestões de leitura:

  • Crohn Disease: Epidemiology, Diagnosis, and Management Feuerstein, Joseph D. et al. Mayo Clinic Proceedings, Volume 92, Issue 7, 1088 – 1103 2017 [ texto completo ]
  • Dahlhamer, J.M. et al. Prevalence of inflammatory bowel disease among adults aged≥ 18 years—United States, 2015. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2016; 65: 1166–1169 [ texto completo ]
  • Loftus, E.V. Jr. Clinical epidemiology of inflammatory bowel disease: incidence, prevalence, and environmental influences. Gastroenterology. 2004; 126: 1504–1517 [ resumo ]
  • Molodecky, N.A. et al. Increasing incidence and prevalence of the inflammatory bowel diseases with time, based on systematic review. (e42; quiz e30) Gastroenterology. 2012; 142: 46–54 [ resumo ]
  • Torres J, Mehandru S, Colombel JF, Peyrin-Biroulet L. Crohn’s disease. Lancet. 2017;389(10080):1741‐1755. [ resumo ]

 

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