Conteúdo
- Introdução
- Transplante fecal
- Doença inflamatória intestinal (DII) e transplante hepático
- Outros tratamentos
- Seguimento do tratamento clínico
- Acompanhamento endocópico na colite inflamatória
Introdução
Extensão da doença
DISTAL: compreende a maioria dos casos. Caracteriza-se por urgência evacuatória, maior frequência das evacuações com sangue e muco e tenesmo. Pode progredir para pancolite. Malignização semelhante a população em geral.
Figura 61. Proctite distal
COLITE ESQUERDA: Caracteriza-se por urgência evacuatória, maior frequência das evacuações com sangue e muco, tenesmo, anemia, fadiga, perda de peso, anorexia.
Risco de câncer pouco aumentado em relação a população em geral. Pode associar-se a manifestações extra – intestinais e progredir para pancolite.
Figura 62. Colite esquerda
PANCOLITE
Caracteriza-se por anemia, fadiga, febre, perda de peso, dor abdominal, distensão abdominal, urgência, frequência evacuatória, tenesmo. Pode evoluir para megacolon tóxico e associar – se a manifestações extra – intestinais
Risco de câncer maior que na população em geral.
Figura 63. Pancolite
Transplante fecal
Consiste na infusão de microrganismos da microbiota de um individuo saudável em doente afim de reduzir a atividade pro inflamatória devido a mudança, mesmo que temporária, na microbiota do receptor, causando supressão do sistema imunológico, modulada por esses microrganismos.
Sugestões de leitura:
- Gutin L, et al. Fecal microbiota transplant for Crohn disease: A study evaluating safety, efficacy, and microbiome profile. United European Gastroenterol J. 2019;7:807-814. [ texto completo ]
- Wang H, et al. The Safety of Fecal Microbiota Transplantation for Crohn’s Disease: Findings from A Long-Term Study. Adv Ther. 2018;35:1935-1944. [ texto completo ]
Doença inflamatória intestinal (DII) e transplante hepático
A evolução da DII pós transplante hepático por colangite esclerosante (CE) é pouco conhecida. A frequência de DII é baixa. Os casos de associação com CE são menos frequentes e destes, apenas uma parcela necessitará de transplante hepático. Para se avaliar o comportamento da doença pós transplante é necessário seguimento a longo prazo, pouco disponível até o momento.
Aproximadamente 70%-80% dos pacientes com colangite esclerosante primária vão desenvolver DII, especialmente retocolite ulcerativa. A colangite esclerosante vai ocorrer em 2%-8% dos pacientes com RCU e em 1%-3% dos pacientes com Crohn.
A evolução da DII pós transplante hepático é muito variável. Em revisão de 14 estudos, foi observado que apesar da imunossupressão pós transplante, 30% dos pacientes com DII prévia pioraram, 39 % mantiveram-se inalterados e 31 % melhoraram. Pós transplante 14%-30% dos pacientes apresentaram DII de novo. Os fatores de risco permanecem desconhecidos.
Sugestões de leitura:
- Loftus EV Jr, et al. Interactions between chronic liver disease and inflammatory bowel disease. Inflamm Bowel Dis. 1997;3:288–302. [ resumo ]
- Mohamad A M, et al. Natural History of Established and De Novo Inflammatory Bowel Disease After Liver Transplantation for Primary Sclerosing Cholangitis. Inflamm Bowel Dis. 2018; 24: 1074–1081. [ texto completo ]
- Singh S, et al. Inflammatory bowel disease after liver transplantation for primary sclerosing cholangitis. Am J Gastroenterol. 2013;108:1417–1425. [ resumo ]
Outros tratamentos
O transplante de intestino pode ser considerado em pacientes com doença de Crohn extensa e refrataria aos tratamentos tradicionais, porem deve se ter em mente a alta taxa de mortalidade e perda do enxerto.
Outra opção para casos refratários aos tratamentos convencionais é o transplante de medula que se mostrou eficaz em alguns casos por agir diretamente no sistema imunológico, porém ainda deve ser feito como protocolo de pesquisa devido a fraca evidencia cientifica, pois não está livre de complicações e tem uma alta taxa de recidiva após 2 anos.
Tratamento alternativo
Cannabis sativa
Fonte de mais de 60 compostos aromáticos, canabióides. Benéfica para o controle dos sintomas, mas faltam evidencias quanto a inflamação, evolução da estenose e progressão da doença intestinal. Os estudos falham quanto ao número de pacientes, falta de padronização e inconsistência das dosagens, uma vez há variedade de plantas com diversidade de componentes ativos.
Pode ocorrer adição principalmente em jovens, déficits de memoria redução de QI, risco de acidentes e de aumento progressivo de dose em doentes graves pelo desconhecimento de efeitos colaterais
Curcuma longa
Amplo espectro de efeitos farmacológicos incluindo anti – inflamatórios, anti – tumorais e anti – infecciosos. Poucos estudos publicados com resultados interessantes e poucos efeitos colaterais e na modulação da inflamação ainda mal definidos, no entanto, parece influenciar múltiplas moléculas de sinalização por inibição do NF-Kappa b, exerce atividade anti- inflamatória por ligar – se diretamente a moléculas pró-inflamatórias como TnF alfa, ciclooxigenase, cox-1, cox-2, glicoproteína ácida humana α1 agp, proteína de diferenciação mieloide 2 (md-2)
Extrato de Andrographis paniculate
Drogas botânicas: ingredientes extraídos de plantas mas não purificados.
Necessita de prescrição
- paniculata extract (APE) aguarda liberação do FDA
Atividade inibitória contra TNF- α, IL-1Β e NF-ΚB in vitro.
Sugestões de leitura:
- Degenhardt L et al. epidemiological patterns of extra-medical drug use in the united states: evidence from the national comorbidity survey replication, 2001-2003. Drug Alcohol Depend. 2007;90:210–23.
- Gupta sc et al. Multitargeting by curcumin as revealed by molec-ular interaction studies. Nat Prod Rep. 2011;28:1937–55.
- Henit Yanai et al. Curr Gastroenterol Rep (2016) 18:62
- Hopfer CJ et al. a genome-wide scan for loci influencing adolescent cannabis dependence symptoms: evidence for linkage on chromosomes 3 and 9. drug alcohol depend. 2007;89:34–41.
- Mehmedic Z et al. Potency trends of delta9-thc and other cannabinoids in confiscated cannabis preparations from 1993 to 2008. J Forensic Sci. 2010;55:1209–17.
Seguimento do Tratamento Clínico
Para todos os pacientes deve-se realizar acompanhamento com exames laboratoriais e de imagem para seguimento da doença.
De acordo com as orientações da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, os pacientes que pegam medicações pelo SUS devem obrigatoriamente apresentar a cada 3 meses urina 1, TGO, TGP e creatinina.
Outros exames podem ser solicitados para avaliar quadros de anemia ou outras alterações provenientes da doença ou do uso crônico de medicações, portanto um seguimento laboratorial mais completo deve ser realizado periodicamente.
Referencia
Acompanhamento endoscópico na colite inflamatória
DC: se a doença for limitada ao delgado, a colonoscopia deve ser indicada como orientado na população em geral, sem necessidade do exame anual.
RCU: se o paciente tiver proctite, fazer apenas retossigmoidoscpia para acompanhamento, e colonoscopia como na população geral.
DC localizada no colón ou RCU universal: após os 7 anos do diagnóstico a recomendação é realizar colonoscopia anualmente. Em caso de pacientes jovens e assintomáticos, podemos aumentar esse intervalo, diferente de pacientes idosos, que devem seguir a recomendação anual.
Caso o paciente apresente displasia em algum momento, repetir a colonoscopia em 6 meses. Se a displasia for de alto grau considerar tratamento cirúrgico.
Sugestões de leitura:
- Cannon J. Colorectal Neoplasia and Inflammatory Bowel Disease. Surg Clin North Am. 2015;95:1261-vii. [ resumo ]